segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sobre rosas e borboletas



Iniciei minha trajetória itinerante, divulgando sobre rosas e borboletas, minha promessa foi vender esse titulo próprio pelas praias que meus pés alcançassem, o primeiro dia dessa trajetória ocorreu no dia 07 de janeiro, sexta feira em cabo frio. Escolhi este lugar pelo simples motivo de estar bem familiarizado com a cidade, na qual já fui ambulante e camelô, vendi rosas que acendiam com o meu falecido pai quando ainda tinha 10 ou 11 anos, logo é uma cidade que me traz muitas lembranças, depois disso trabalhei na feira do canal como camelô vende chaveiro, placas e cordões, gravados na hora, por mim obviamente e também pedra sabão (Tipo de pedra encontrada com muita facilidade em minas gerias). Mas essas são outras historias. Nesse dia depois de tanto tempo afastado desse tipo de trabalho, me senti muito inseguro, desta vez existia sim uma necessidade que não era mais a financeira, daí pensei, nossa já tenho alguns passos de satisfação de quando trabalhei aqui por esse motivo. Mas eu tinha uma necessidade atual, de conhecer pessoas e de divulgar meu livro que tanto me empenhei para escrevê-lo e publicá-lo. Cheguei tarde já eram quase duas horas da tarde, estava sozinho, com meus livros na mochila, o dia estava lindo, e ventando bastante, e que vento maravilhoso era aquele. Parei perto de um ambulante que vendia bebidas, e pedi um guaraná natural, desses que tem giseng e outras fontes que dizem ser energéticas. Conversei com ele se eu poderia vender meu livro livremente na praia, se existia algum problema quanto a isso, ele me falou sobre a fiscalização e fiquei um tanto preocupado. Disse que apenas ambulantes cadastrados poderia vender coisas na praia, ao mesmo tempo me incentivou dizendo que outras pessoas vendiam coisas na praia sem autorização. Que eu deveria arriscar. É eu sabia que deveria, não estava lá a toa, em seguida ele voltou a me incentivar dizendo, nesta praia, até a própria areia dela vende. Vai lá! Ainda receoso terminei de tomar meu “guaraná natural” e criando coragem, foi quando o mesmo ambulante, me fez a seguinte pergunta. – Quanto custa o seu livro? Eu já havia tirado uns dois ou três da mochila e estava me preparando para abordar os banhistas. Respondi 15 reais. Então ele tirou da gaveta 15 reais e me deu, pediu para que eu autografasse, dizendo, quem sabe um dia você não fica famoso não é? Sorri. Havia vendido o meu primeiro livro nesse projeto que estou titulando como “poeta itinerante”. De um ambulante para outro ambulante. Respirei fundo e fui caminhar. Oferecendo na surdina para o banhistas com medo é claro da fiscalização. Não queria perder meus livros. Ganhei muitos sorrisos, o que me incentivou bastante, mas cheguei ao final da praia sem ter vendido mais nenhum, resolvi voltar pelo mesmo caminho, muitos olhavam com curiosidade, afinal não é muito normal livros na praia, alias, não sendo vendidos. Mas as pessoas adoram ler na praia, então porque os livros não são vendidos na praia? Acho que esse foi o principal motivo de eu ter arriscado. Voltando e mudando um pouco de caminho, conheci umas senhoras, as quais me apresentei, na vinda eu apenas dizia: Livro de poesia do próprio autor? Mas agora na volta resolvi mudar minha frase, ofereci para uma pessoa dizendo: Livro de poesia do próprio autor, dedicado e autografado na hora. Depois achei pretensão falar “autografado”, acho que isso é coisa de artista. Eu não sou artista sou apenas mais um poeta. Então mudei a frase e ofereci para as senhoras dizendo: Livro de poesia do próprio autor, dedico e assino na hora. Achei bem mais sutil essa frase. E consegui vender meu segundo livro na praia. A senhora que comprou era minha conterrânea, caxiense, que logo sorriu ao ver na orelha do meu livro que eu também pertencia a terrinha. Conversamos sobre a nossa cidade e das dificuldades de se vender livros em livrarias, e do incentivo da cultura em si. Quando sai a senhora M. me disse: Não desista. Nossa como soou bem essa frase nos meus ouvidos. Ainda na volta vendi mais um livro para duas garotas que estavam sentadas próxima a água, e que gostavam de poesia. Mas logo em seguida e já cansado avistei um grupo de fiscais, e sentei na areia e fingia ler meu próprio livro, ora se eu fosse abordado diria, estou lendo um livro e daí? Não haveria problema creio eu. Eles não saiam de lá, da minha rota de “trabalho”, então resolvi seguir rumo ao calçadão e ir almoçar, já estava roxo de fome, e um poço cansado mesmo tendo caminhado apenas uma hora e meia no Maximo. Também estava com ou outra necessidade que não sei se vale a pena ser tão explicito quanto ao que era, mas vocês já devem ter entendido, era realmente um “necessidade”. Após ter almoçado, resolvi caminhar um pouco mais pela praia, temeroso pela fiscalização, resolvi caminhar por prazer, dar uns mergulhos e refleti um pouco. Já estava meio que satisfeito por minha primeira experiência. Já tinha valido a pena. Então porque não, relaxar e relembrar velhos momentos em cabo frio? Fui ao forte, e recordei de quando pulava das pedras, e de quando uma vez atravessei o canal exatamente naquele ponto, e fui para na ilha de frente, atravessei nadando, isso talvez quando eu tinha meus 19 anos. Dez anos depois e já cansado não sei se faria novamente. Quem sabe? Na volta estava ventando muito e resolvi escrever este poema abaixo que reflete bem o que foi o vento naquela tarde.

Um vento de memórias
Um vento forte de Vitorias
Um vento que leva a areia ao asfalto
Um vento que senti no forte lá no alto

Forte de que me arrisquei
E que arriscar é sempre se surpreender
Forte de que desejei
E que desejar não é se render

Vento que lança as espumas das ondas
Vento fecha nossos olhos e nos faz sonhar
Vento que abre nossos corações a chorar
Vento que retrocede e segue por muitas caminhadas

Que ele leve a poeira
E traga o perfume
Que apague os rascunhos
E desenhe na areia o amor

Vento vente para sempre
Nos nossos corações.

Assim termino o primeiro dia de vendas do poeta itinerante.
Abraços!

P.S Descobrir mais tarde que vender qualquer obra de sua própria autoria, não é crime, logo eu não poderia ser detido. Mas só descobri isso quando cheguei em casa. E que depois me fez pensar. Agora é pra valer!

Um comentário:

Anônimo disse...

Cadê as novidades?!!!!!!