Nada os embasa, tão atentos que lacrimejam
Gira terra, gira mundo e não pare e me lance
A esse horizonte tão distante e tão opaco
Abro a janela debruço meu corpo e fixo o olhar
Mas fixados que fita adesiva em parede de plástico
As pupilas se abrem e se fecham de forma psicodélica
Ao piscar de forma leve tenho uma brusca estranheza
Da luz que reflete no vidro da janela
E me faz ver o horizonte que se esconde atrás de mim
Percebo que meu olhar fixo em um ponto é pequeno
Quando existem tantos horizontes para poucos olhos
Se o sol nascesse em mais que um ponto cardeal
Certamente ficaríamos confusos com os minutos do dia
De forma mortal e fútil e divina, possuo dois grandes olhos
Que me fazem ver somente o horizonte que me é permitido
E já me basta, por isso não me distraiu com o reflexo na janela
Horizontes atrás, passados sempre irão se refletir nos meus olhares
Mas não mudaram a forma fixa que olho o horizonte que me saúda
À frente, aquém, além mar... como navegantes do século XVI
Se meu horizonte não terminar
E barcos não caírem ao leu no seu final
Permanecerei a vida inteira
Com meus olhos fixos
No horizonte