quinta-feira, 22 de novembro de 2007




Em algum lugar

Se eu escrever e te contar tudo que vi, se eu narrar como eram as pedrinhas daquela estrada, ou como era o acento do segundo vagão daquela Maria fumaça você acreditaria. Prometo que vou te falar sobre tudo isso. Se eu sussurrar no seu ouvido como foi meu ultimo sonho, ou do desejo que fiz quando era criança diante de uma estrela amarela, ou mesmo se eu te contasse sobre unicórnios, grifos e corcéis, talvez você não acreditasse. Certamente se eu te apresentasse todos amigos que fiz na minha trajetória, você teria um orkut mais cheio, não sei quando eu vou voltar, na verdade nem sei quando eu fui só sei que não estava mais aqui. Por onde andei? Comecei do fim. Outro dia estava em meio dos anéis de saturno, pensei em roubar um deles para te pedir em casamento. Tenho sorte quando estou em perigo, talvez seja porque estou sempre pensando em você. Mas possuo um grande problema, se eu conhecer alguém em uma curva ou em meio de uma ilha deserta poderei te deixar. Por que não sei quem sou, a ultima vez que tentei me conhecer me decepcionei. E não quero fazer isso contigo. Queria apenas que entrasse no carro comigo, colocasse a mão para fora da janela e fechasse os olhos, de forma que eu pudesse ver seus cabelos soltos ao vento, uma pequena visão do infinito. Mas a qualquer instante poderia saltar do carro. Poderia abandonar essa bela visão, apenas para saber como é cair de um carro em movimento. Faço tudo que posso nesse mundo que não sei por onde andar. A ultima vez até tentei voar, não me lembro como foi por que acordei no hospital com uma pequena amnésia. Mas adivinha não esqueci do seu sorriso. Escondo-me como naquelas brincadeiras de criança, espero você me achar, te agarro pelo braço e te mostro meu esconderijo. Convenceria-te a subir na mesa da coordenação apenas para que você dissesse que quer ser livre. Na ultima vez que me apaixonei, acho que foi a ultima, não sei, na verdade nem sei quando me apaixono. Nunca sei quando é verdade ou quando estou simplesmente querendo. Meu coração vive em uma guerra fria com meu cérebro, e eles discutem o tempo todo sobre o amor de Eros e a racionalidade de Vênus. Daí escuto a nossa musica, aquela que começa com um acorde de violão, não sei se é Dó ou Lá. O que me deixa feliz são os momentos simples, sim, é cada segundo de minha vida, nem me lembro a ultima vez que chorei. Preciso chorar para te convencer que te amo? Ok, então me lembrarei de como se faz isso. Mas não tente me ensinar por que não aceitaria ver uma lagrima sua rolar. Nem que fosse de alegria, talvez. Sabe entre todos esses sentimentos românticos surreais, me importo com o expressionismo de Monet, com as cores variadas de um céu durante a sua Aurora Boreal, não estou no ártico quando consigo de olhos fechados imaginar como seria, afinal não é difícil depois de ter te beijado. Não é difícil imaginar como é o fundo do mar de dia, depois que colocou as mãos em meu rosto. Agora percebo que é hora de voltar. Dê-me um minuto, talvez dez anos, não posso afirmar, mas se puder esperar, vou voltar. Sempre volto. Sempre estou próximo do perigo, por isso que sempre quero estar ao seu lado. Depois que conheci o sofrimento, acabei me apegando a ele, e com você, sofro de forma divina. É como se eu fosse crucificado achando que estou salvando o mundo. Depois de tudo que te escrevi, quero apenas uma coisa de você, guarde apenas o papel da carta, esqueça as letras e se um dia se apaixonar por um cara normal, pode jogar fora o papel, mas jogue em algum lugar onde ele possa ser reciclado.

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