terça-feira, 24 de maio de 2011

Valores:



Discípulo: Olá mestre, voltei de minha caminhada a estrada foi longa mais consegui usar muito do que aprendi com o senhor e conheci algumas pessoas interessantes.

Mestre: Fico feliz por sua felicidade.

Discípulo: Também aprendi muito com o que me cercavam, as pessoas que conheci retribuíram meus conhecimentos com algumas coisas de valor.

Mestre: A passagem de conhecimento não precisa ser retribuída, ela só não pode ser guardada, do que vale um quadro famoso empoeirado dentro de um cofre?

Discípulo: Entendo. Como os livros que são comprados e exibidos em estantes para ostentar saber.

Mestre: Correto.

Discípulo: Mas elas ofereceram de tão bom grado que não achei nada de mal em aceitar, porém agora quero repassar esses objetos de valor para o senhor que me ensinou muita coisa, e com a sua sabedoria consegui expandir meu conhecimento.

Mestre: Também não recusarei seus presentes para não parecer que é de mal grado.

Discípulo: Obrigado. Veja se lembra quando conversamos sobre a maldade? Um general, que escutou a historia me deu todas essas medalhas de ouro, para que eu fizesse o que achar melhor com elas. E ele chorava ao ouvir a nossa conversa. Veja, veja... Está rosa ganhei de uma mulher que havia perdido o seu esposo na guerra, quando lhe contei sobre o nosso dialogo sobre a saudade. Ela também chorou... Agora veja isso... Uma bela espada não é? Irá ficar linda na parede do templo ganhei de um samurai que não conseguia mais lutar, quando lhe contei sobre o nosso dialogo sobre o medo. São pertences de grandes valores.

Mestre: Realmente são pertences de grandes valores. Obrigado.

Discípulo: E então o que vamos fazer com todos esses valores.

Mestre: Acho que estamos falando de valores errados.

Discípulo: Estou falando do valor que essas coisas têm e que agora são nossas.

Mestre: Não. São minhas. Você as me deu.

Discípulo: Verdade.

Mestre: Mas não vejo valor nessas coisas, pois o verdadeiro valor delas foi você que
descobriu com seu próprio valor, em levar até as pessoas um pouco de conhecimento. E conforto. Elas são apenas uma representação e símbolos de suas viagens. Não valores materiais.

Discípulo: E o que o senhor fará com elas?

Mestre: Não tive mérito ao conquistá-las. Logo, o ouro doarei a pessoas que precisam mais do que nós, sempre existe alguém precisando mais do que nós. A rosa irá plantá-la em nosso jardim e você cuidará dela, para que não se esqueça da sua viagem. Quanto à espada, ela realmente ficará bonita em nosso templo. E irá me recordar dessa nossa conversa.

Discípulo: Obrigado mestre por mais um ensinamento.

Mestre: Agora sou eu que quero te dar um presente.

(Mestre se levanta e vai buscar um objeto)

Mestre: Tome esse espelho, para que você nunca se esqueça em não perder o seu valor, por valores temporários, os valores mudam com o tempo, mas o seu valor servirá para todos os tempos.

domingo, 22 de maio de 2011

Medo



Discípulo: Mestre... Tenho medo.

Mestre: E o que teme?

Discípulo: Do futuro, da solidão, do amor, da guerra e de outras coisas...

Mestre: Não temas o futuro, porque ele chega tão rápido que você vai acabar temendo ao invés de estar vivendo-o, agora já estamos no futuro da pergunta que me fez há segundos atrás, e se você continua-se com medo de perguntar, você não obteria as respostas; Não tema solidão, pois você si tem, e veja a sua volta, você nunca estará completamente sozinho. Se temer o amor, temerá a si mesmo e ao futuro, e na verdade todo o resto; não tema a guerra apenas planeje como e se deve em entrar nela. Das outras coisas não sei por que teme, se você nem as identifica.

Discípulo: Mas o que é esse sentimento?

Mestre: Veja no dicionário, ele é infinitamente mais sábio do que eu.

Discípulo: Lá obterei respostas racionais e acho que os medos provem de outras causas.

Mestre: O medo provem das coisas que não conhecemos, tenha consciência do que teme, estude o seu medo e o enfrente.

Discípulo: O senhor já sentiu medo?

Mestre: Mas é claro.

Discípulo: E como o enfrentou?

Mestre: Não me faça ser repetitivo, embora eu te ame, não posso ter medo de dizer que você pode me cansar com suas perguntas já respondidas.

Discípulo: Não me maltrate hoje, estou com medo.

Mestre: Você pode estar confundido seus sentimentos, tristeza não é medo, e você não deve temer aos outros ou as outras coisas, só a si mesmo. Esteja pronto para se enfrentar, combata seus próprios medos, com a sua coragem.

Discípulo: Mas me falta coragem, parece que estou sem armas para enfrentar o medo.

Mestre: Qual arma você usa numa guerra?

Discípulo: Espada e escudo.

Mestre: No amor?

Discípulo: Rosas e palavras sinceras.

Mestre: No trabalho?

Discípulo: Determinação e conhecimento.

Mestre: Já somou tudo? E tentou utilizar tudo isso a favor de se enfrentar?

Discípulo: Não.

Mestre: Então feche os olhos e pense nos seus medos... Não na tristeza. Tente diferenciar as coisas. Depois disso, lembre das rosas ou palavras sinceras que já recebeu e que já ofereceu, depois disso lembre-se da sua coragem e força ao empunhar uma espada ou se defender com o escudo contra pessoas que te queria mal, e que você sobreviveu graças a essas armas... Agora some a determinação e sabedoria que você teve para desempenhar o seu trabalho com êxito e de quantas vezes você foi bem sucedido e recebeu elogios por essa determinação, lembre da sabedoria que foi utilizada, como a adquiriu e como você é capaz de utilizá-la para melhorar um pouco o mundo. Depois de tantas lembranças boas... Abra os olhos... Você não está no futuro embora ele vá chegar daqui a um segundo. Mas neste segundo você está no presente, veja ao seu redor como o mundo pulsa, vive e respira. Veja a estrada a sua frente, como ela é longa, e por isso tão interessante, não tenha medo dela, de o primeiro passo, e quando cansar, sente-se, reflita, ore, faça o mesmo processo feito agora, depois levante e continue. E se resolver olhar para trás, verás que o medo não está no futuro e sim nas coisas que você tinha medo e que agora já foram superadas. Agora vá e caminhe.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Saudades:



Discípulo: Voltei mestre.

Mestre: Por onde esteve?

Discípulo: Você sabe da guerra.

Mestre: e foi divertido lá?

Discípulo: Nenhuma guerra é divertida, mas me encontrei.

Mestre: Bom. Mas por que voltou?

Discípulo: Saudades.

Mestre: Saudades de que?

Discípulo: De você.

Mestre: como pode sentir saudades de algo que não gostava.

Discípulo: Carência. Amor. Não sei, me explica saudades?

Mestre: Tenho saudades. De dias em que eu não era mestre.

Discípulo: Por quê?

Mestre: Por que ninguém achava que eu tinha as respostas tenho saudades de quanto era
como você.

Discípulo: E qual a graça em não saber?
Mestre: Saber, que não sei nada. Quando me procuram achando que sei tudo, ou que tenho tudo, me afasta do melhor da vida, o não saber de nada.

Discípulo: Mas a sabedoria é tudo. Sinta-se feliz.

Mestre: Minha felicidade não está em saber tudo. E sim, em saber que não sei nada e
que em cada dia posso descobrir algo novo.
Discípulo: Minha saudade por ti me fez descobrir o quanto te amo, mas preciso te dizer. Matei seu filho.

Mestre: Talvez ele soubesse menos do que você, mas sinto saudades dele agora.

Discípulo: Perdoa-me?

Mestre: Você voltou e me disse a verdade, isso é mais importante, a verdade.

Discípulo: Mas você não tem mais o seu filho.

Mestre: Mas tenho você que sentiu saudades. Agora somos dois homens que sentiram
saudades, eu do meu filho e você de mim. Mas você voltou para me tranqüilizar.

Discípulo: Mas não sou seu filho!

Mestre: Mas sentiu saudades. De mim um velho homem.

Discípulo: E ele? Não poderá mais te abraçar.

Mestre: Então me abrace por ele.

Discípulo: Como pode pedir ao homem que matou seu filho, um abraço?

Mestre: Por que você sentiu saudades de mim. E isso demonstra amor. Não quero suas
glorias, essas são supérfluas, quero que me abrace como meu filho que vive ainda, no meu amor.

Discípulo (abraça)

Discípulo: Por que abraça, quem matou teu filho?

Mestre: Por que agora isso é tudo que eu tenho. Como lembrança dele.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dialogo sobre a Maldade:



Discípulo: Mestre já te fizeram algum mal?

Mestre: A mim não, só a eles que pensavam que me faziam mal.

Discípulo: Você nunca sentiu maldade contra você?

Mestre: Não. Mas já vi atos de maldade contra mim.

Discípulo: Qual a diferença?

Mestre: Se eu não sinto, eu não sofro.

Discípulo: Mas se você já viu, como não sentiu?

Mestre: É como meu cão que entra na sala e deita no sofá. Vejo que é uma maldade contra mim, mas não sinto por que percebo que é apenas para chamar a minha atenção, por isso não sofro.

Discípulo: Você não pode comparar uma atitude irracional com ações verdadeiras de maldade.

Mestre: E o que seria uma ação verdadeira de maldade?

Discípulo: Hiroshima, Nagasaki, Holocausto.

Mestre: Um homem, acha que é capaz de fazer maldade, e faz. Nunca disse que não acredito na maldade, apenas perdôo quem sente esse sentimento.

Discípulo: E não reage contra ela?

Mestre: Sim. Eu oro.

Discípulo: Para que te proteja das maldades?

Mestre: Não. Para que esses homens sejam perdoados.

Discípulo: Como você pode achar que pode perdoar um estrupador, ou pedofolo?

Mestre: Não disse que poderia perdoar, apenas disse que oro para que sejam perdoados.

Discípulo: Como você pode gastar suas orações com homens assim?

Mestre: O que você quer que eu faça? Deseje mais violência? Violência não se paga com violência.

Discípulo: Você acha que é Cristo?

Mestre: Não. Mas sinto-o no meu coração. Já é um começo.

Discípulo: Estou indo a guerra, e talvez tenha que matar alguns homens. Talvez seu filho que esta do lado oposto da guerra.

Mestre: Faça o que te fizer bem, assim como faço o que me faz bem, não devemos negar a nossa natureza, e ainda assim nem eu serei melhor do que você e nem você melhor do que eu, uma rosa não é mais especial que um cravo, elas apenas são diferentes, ambas possuem valor, por que nem uma nem outra sonha em ser o outro. Não negue a sua natureza, por outras pessoas. E se no final achar que errou, peça perdão. Senão já estará perdoado, por que saberá que não errou.

Discípulo: Não sei se o senhor dessa vez conseguiu me esclarecer as verdades sobre a maldade.

Mestre: Talvez por que insisto em acreditar que o amor ainda é mais importante. Aí não me preocupo com a maldade.

Discípulo: Quando o senhor tiver respostas para o holocausto, Hiroshima, Nagasaki e outras atrocidades cometidas pela humanidade eu volto.

(sai o discípulo)

Mestre (consigo mesmo): Prefiro acreditar que quando aqueles homens cometeram esses atos de maldade, havia 10 mil vezes mais, outros homens, cometendo atos de bondade, em tentar salvar as vidas dessas pessoas, socorrendo pessoas de prédios pegando fogo, ficando horas e horas acordados para tentar salvar uma vida, conversando com pessoas que perderam entes queridos, abraçando quem estava chorando, escrevendo sobre essa ignorante maldade, e alguns como eu que apenas oravam pelas pessoas que sofreram tal maldade. Por que irei perder meu precioso tempo pensando nos homens que fazem a maldade, se posso utilizar meu tempo e minhas orações acreditando naqueles homens que fazem a bondade.