quarta-feira, 6 de junho de 2007

Novos Pensamentos - Lobo da Estepe


Carta ao meu eu

Da fraqueza

Por algum motivo que nem sempre conhecemos, chegamos a estados criticos do corpo e da alma, momento em que tudo parece que vai se romper como um tendão dolorido, que massagens não resolvem mais. Por mais que lutemos contra todas as adversidades e obstáculos, chega um momento que nosso espírito e matéria entra em colapso, nervoso e depressivo. Difícil seria localizar o ponto bom disso tudo, mais ainda assim com as únicas ultimas forças que nos restam, nos finos fios de lã que ainda está esticado, percebem que as tempestades fazem com que tomemos medidas necessárias para um novo curso da nau. Não conseguimos de imediato retira-la da deriva, ela manten-se instável e inavegável, arredia e rebelde. O timão já não nos respeita, joga a embarcação de um lado para o outro, quase encostando-se aos recifes, fazendo com que naufraguemos de vez. Mas a força, o ultimo fio, o ultimo gás de esperança, nos faz segura-lo, mesmo sem poder domina-lo, mesmo que sem poder coloca-lo no curso que queremos, mas ao menos o seguramos, com a força de uma lebre mais com o coração de um leão. A mente que mal consegue agir conforme o corpo, medita em estados longínquos do real, orando de forma pessoal e informal, com seus próprios problemas e suas próprias indagações. E é neste momento que tudo se divide, que o corpo permanece apenas como matéria, nossa mente se tornam pensamentos soltos e o nosso espírito estica-se para encostar os dedos no patamar divino, tornando-se luz. Ofusca a própria tempestade, consegue abrir as nuvens, e acordam os anjos. Os alerta de um fim próximo de mais um ser terreno, que luta para permanecer terreno, luta para poder ainda degustar das mas gostosas maças ou doces, luta pensando nas luxurias que o corpo ainda pode provocar em sensações maravilhosas. O ser terreno luta para não se tornar mais uma alma, que ele acredita não poder experimentar de sensações tão divinas. Por fim, atendendo ao desesperado clamor humano, o paraíso abre seus portões; não para que mais uma alma entre, e sim para que seu exercito ajude aquela a permanecer nas suas tentações mundanas e tão vulgares.

Em busca

Em busca de algo que não sabemos exatamente onde está, flutuamos, navegamos a deriva. Sem ter uma plena certeza de onde chegar, e nem que vai nos receber. Ainda assim esperamos o melhor que o mundo pode oferecer, esperamos que ele nos entenda, esperamos das pessoas muito mais que na verdade nos somos, e essa pergunta fica a nos assolar. Incansavelmente relutamos, choramos, sorrimos, em busca do ideal par nos, em busca de uma verdade que preencha o quebra cabeça de nossa existência. As vezes me percebo, perdido, desorientado, sem saber para onde ir, sem meta, louco, saindo do real, absolutamente a deriva. E nada consegue preencher o vazio que permanece dentro do peito, e a fim de encontrarmos um caminho tomamos medidas extremas, que não possuem nenhum cunho maléfico e nem benéfico, nada é certo, ou errado, é simplesmente momentâneo, fazendo parte deste momento, acreditamos que tudo poderá ser diferente quando a antigo sol surgir, quando a benção de nosso Deus, no abençoar. Esperamos isso a vida inteira, como se fosse um jogo lotérico, ou ainda, uma roleta russa, esperamos, com esperança, que ela passe e que à bala nos atinja a cabeça, pondo fim na nossa tão fosca e intendente vida. Por que não mudamos? Por que não buscamos algo novo? Pelo simples motivo de termos a certeza que estamos tentando isso a todo o momento, tentamos mudar a cada minuto, tentando alcançar os nossos ideais e metas, a nossa tão sonhada felicidade. Tentamos sim, a todo momento, e embora para muito não estejamos fazendo o suficiente, o Maximo está sendo feito. Quando tentamos fazer o que nos recomendam, quando tentamos mudar mais que o nosso corpo e espírito agüentam, acabamos falhando, acabamos por escolher um sentindo não natural da nossa própria existência, contrariamos a nos mesmos, por não ter feito o que na verdade o nosso coração apontou como a melhor opção, por mais que não fosse uma mudança radical, ou por mais que tenhamos a certeza que isso não mudaria a nossa vida, ou pior, por mais que isso não ajuda-se em nada na nossa busca o ideal seria seguir cada momento, o que ele próprio pode oferecer. Os arrependimentos virão com certeza, do amor que não lutou, ou se tivesse lutado da aflição que posteriormente teria, por ter permanecido em um romance frustrado, sem nunca ter arriscado outra opção. Por isso cada uma de nossas atitudes tomadas por nos mesmo, independente de suas conseqüências, fazem parte do nosso aprendizado, fazem parte do nosso momento. Ou daquele momento, mas enfim de algo isolado o qual não podemos mudar. Pois já está mudado. Já é uma certeza absoluta e que não deve nos afligir no nosso futuro, quando buscamos incansavelmente o nosso eu, estamos mudando radicalmente a nossa existência, quando aceitamos uma religião, ou uma crença para no encaminhar mais rapidamente para o nosso auto conhecimento, estamos tentando manipular, ou melhor, burlar a natureza. Forçadamente quebramos a rota simples do nosso destino, quebramos a vara de sustentação do nosso ser. O auxilio forçado que tenta nos encaminhar para a nossa felicidade, é uma maldade que cometemos ao nosso espírito. Por fim a nosso busca no mesmo local onde ela começa, numa mudança gradual e ininterrupta da nossa verdade, do que acreditamos que seja a coisa certa. Tudo caminha, o mundo não para de girar, e se um dia alguém pudesse fazer ele se movimentar mais rápido do que se movimenta, o dia teria menos horas e nos seriamos lançados para fora da órbita como um automóvel que acelera derrepente e lança o nosso corpo contra o painel.

Na Aflição

Digo ao meu ser hoje que não há nada mais natural que a aflição, da mesma forma que sinto sede, fome e amor, a aflição é constante nos nossos corações. A vontade de realizar o que ainda não foi realizado. A vontade de tentar nos redimir por algo que na verdade nem temos certeza que erramos (e realmente não erramos). Nos aflige cada segundo de nossas vidas. A simples espera por uma condução aflige a nossa paciência. Um “não” de um amor aflige o nosso ego. A permanente aflição está entranhada em nosso espírito que luta durante toda a sua existência, eliminar esse tão terrível vírus, mutável e capaz de se transformar em cada circunstância de nossas vidas. O coração fica tão apertado como um caroço de abacate, mudo, entristecido, retorcido acreditando que nada será capaz de mudar o que ele sente. Como se uma flecha o tivesse atravessado e permanecido ali durante décadas. A única coisa que ele não sente no momento desta aflição é que ele já foi feliz, em algum momento, que ele já bateu forte reguzindo-se de felicidade, irradiando alegria e energia, nem que tenha sido por curtos minutos, ou por alguns milésimos de segundos após ouvir uma piada burguesa. Mas realmente o que importa, é perceber que não é de sua natureza a constante aflição. Da mesma forma que não sentimos fome o tempo inteiro, a tristeza não é permanente. Talvez o maior de todos os problemas seja, estarmos o tempo todo tento conserta-lo, faze-lo dor menos. Essa é a grande questão da aflição. Quando estamos trabalhando ou estudando horas a finco, e sentimos fome, não pensamos que é o fim do mundo, não tentamos nos matar ou correr para longe da civilização, conforme pensamos em fazer quando o nosso coração está atormentado. Hoje durante as dezoito horas que fiquei acordado provei a mim mesmo que conseguimos superar as mais contundentes dores. Não acredite em mim. Eu consegui, talvez você não consiga, não que não seja capaz, mas talvez ainda não tenha chegado o momento de superar e de recomeçar. Precisa sofrer sentir a real capacidade e força da aflição. E assim termino menos aflito por ter escrito o que sentia vontade de escrever e com apenas uma verdade, ela é constante.


Do Medo

Hoje enquanto andava pela praia de manhã percebi o quanto às pessoas temem o que nem mesmo conhecem, elas andam com olhos fixos em um ponto e pouco se importando com quem passa ao seu lado. Não olham nos olhos, preverem correr a sentir por um segundo o que a troca de um olhar pode trazer. Ao mesmo tempo em que é angustiante é fascinante, saber até onde vai o medo, ou o preconceito das pessoas. Ou ainda pior, até onde vai a vontade das pessoas em não quererem olhar para o lado, para o que está em sua volta, para a própria sombra, ou vento que corre em outra direção. O medo do escuro, da morte, do roubo, da violência, o medo é o pior sentimento que podemos sentir. Medo de viver de estar aberto ao mundo, de tentar compreender as coisas mais simples que ele nos tem a oferecer. O medo profundo, abissal e noturno, deixa as pessoas cegas, surdas e mudas. Será que vivo em uma sociedade distintas ou isso é natural ao ser humano. Não acredito na segunda hipótese, pois sempre vi o ser humano tão destemido e aberto a novas possibilidades que me dá medo pesar que essa natureza morreu. Isso me faz achar então que tal medo é inerente a minha cultura, ou ao meu grupo social, ao meu povo. Carioca, nascido no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, da Garota de Ipanema e da praia de Copacabana, em pleno século XXI, mais precisamente em 2007. O medo tomou conta do meu povo. E rezo para que essa carta chegue em mãos extraterrestres um dia. Talvez daqui a trezentos anos a encontrem dentro de uma garrafa lançada ao mar, e percebam, o medo do próximo que a minha sociedade viveu. O medo de se comunicar de se sentir estranho e diferente diante de mesmos. O individualismo, e a falta de solidariedade devem ser lembrados, não de forma saudosista e sim de forma medonha. Pois eu como contemporâneo a esse tempo digo. Não é nada bom sentir medo de nos mesmos.

Da Mentira

Um belo dia, que para quem lê pode ser o hoje, ou o amanhã, mas que na verdade será eterno, digo; Tudo é mentira. A minha afirmação determinista mais individual é fruto da reflexão dos sons, imagens e principalmente do tempo. A visão que temos é sempre contraria ou mentirosa, inúmeros autores já disseram isso. Sartre é um deles (Imaginário).Que tenta nos convencer que nenhuma imagem é real a não ser aquela que já está fixada em nosso imaginário, na nossa consciência que nem sempre é cociente o que vemos, não é na verdade o que é. Toda cor é vista de forma diferente de uma pessoa para outra, uma cadeira nunca é vista do mesmo ângulo para duas pessoas. Ou seja, toda a imagem que temos da vida, do nosso cotidiano, do nosso alimento, do nosso trabalho ou estudo não passa de imagens ilusórias criadas para nos convencer das nossas verdades, ao fecharmos os olhos e dormimos nada mais daquilo povoa a nossa mente, e tudo deixa de ser imagem, apenas ilusões, acreditamos e vivemos atrás daquelas que melhor o nosso cociente nos convenceu.Mas devemos seguir. Nenhuma palavra tem real força e verdade Hermann Hesse (Sidarta), pois elas não possuem cheiro e nem cor. Pensando materialmente realmente as palavras não são nadas, estão jogadas ao léo. Reflitam se quiser. São pensamentos mal escritos ou mal interpretados por um autor ou por um leitor. Tente imaginar que nada que escrevo, é na verdade o que eu queria escrever. Tente imaginar que tudo que está aqui escrito é uma grande mentira com intuito de convenser-lhes da minha verdade que nem é tão minha assim, já que às vezes não encontro palavras par expressar o que na verdade quero dizer. Isso é confundir. Isso é tornar a vida difícil. E é claro que ela pode ser mais fácil, é só sorrir. Mas tentem entender que mesmo que tudo que eu escreve-se fosse verdade, mesmo que eu consegui-se por uma iluminação divina escrever palavras certas, no tom certo e mais verdadeiro possíveis. Ainda assim cada um as leria de forma diferente assim como uma obra plástica é vista. E provaríamos mais uma vez que tudo é uma grande mentira. A visa é uma farsa, uma comédia Del’arte o qual ninguém é protagonista, se assim pensar colocará o mundo em torno do seu umbigo e acreditará mesmo que é o centro do mundo. E convém nos dizer; Não sejamos tão egocêntricos assim. Somos sim a platéia, uma platéia que se assiste que tenta entender nos outros espectadores alguma razão por estamos nos assistindo. Com rostos curiosos buscamos, no não entendimento alheio resposta para o nosso não entendimento. E assim voltamos para a grande mentira. Para a “Matrix” o nosso “Admirável Mundo Novo” e quando achamos que encontramos um caminho, que obviamente seria a nossa verdade, voltamos a mentir, pois cada verdade dura apenas milésimos de segundos. E em seguida o tempo as desfaz.

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